quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Planejamento para uma logística eficiente


Considerando nossa escassa infra-estrutura de transportes e custos tributários elevados, será que é possível ser eficiente nas operações logísticas? Tanto do ponto de vista do embarcador (indústrias em geral) e dos operadores logísticos (com ou sem ativos) pode-se trabalhar em busca da produtividade.

Segundo o CSCMP (Conselho dos Profissionais de Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos) a logística é a parte da cadeia que implementa, controla e gerencia a eficiência dos fluxos diretos e reversos entre os pontos de origem e de consumo, a armazenagem de mercadorias, os serviços e as informações. Contudo, aqui vamos nos ater no que se refere à questão de transportes efetivamente.

A necessidade de transporte, em termos de quantidade, prazo, nível de serviço e custo limita os modais e as possibilidades de serviços a serem utilizados. Por exemplo, ao se pensar em grandes quantidades em longas distâncias, para um horizonte de meses de atendimento, com razoável planejamento normalmente poderá se trabalhar com o modal marítimo. Este é o caso da exportação de celulose e outras matérias-primas exportadas pelo Brasil. Impossível nesses casos se pensar em outro modal.

No caso de distribuição para o mercado interno de papel, por exemplo, pode-se trabalhar com opções de cabotagem ou ferrovia. Isso porque as fábricas podem estar distantes o suficiente dos mercados consumidores de modo que valha a pena à utilização de uma operação intermodal mais complexa. Para operações de curta distância ou quando o volume e valor da operação são menores, normalmente se utiliza a rodovia dentro das limitações de frota e serviços disponíveis no mercado.

Neste caso é preciso planejar tanto cargas completas como fracionadas e também buscar oportunidades de cargas de retorno e outros movimentos intermodais. Enfim, com base em uma boa malha logística com seus estoques ou centros produtivos bem localizados, como já comentado em edições anteriores, deve-se fazer o transporte em função da escolha de algum modal adequado e programar os carregamentos de modo eficiente. No nível de detalhe maior o carregamentos, independente do modal, podem ser planejados segundo algumas considerações e técnicas de otimização:

Seleção de modal: basicamente através do cruzamento entre as restrições de prazo de atendimento e disponibilidade de serviço, pode-se selecionar o modal que será utilizado em função do custo de frete envolvido na operação. Por exemplo, do centro-oeste até o sul do país pode-se utilizar rodovia ou ferrovia. Se o tempo de transito maior pela ferrovia permitir, e o valor por tonelada-quilômetro transportado compensar, pode-se utilizar este modal. Esta escolha não pode ser feita de modo isolado para cada embarque, pois se pode incorrer em um custo maior pelo fato de se consumir um recurso para uma operação que na avaliação global deveria ser utilizado para outra;

Seleção de frota: mesmo que não seja no transporte rodoviário, pode-se pensar em decisão dos equipamentos a serem utilizados em outros modais. Por exemplo, a seleção do número de contêineres de 20 ou 40 pés é uma seleção de recursos que deve ser analisado, além de quais os armadores que serão utilizados. Isso tudo é feito em conjunto com a escolha do modal;
Roteamento: mais voltado ao transporte rodoviário, o roteamento de veículos é conhecido em maior escala pela área de varejo. Na indústria também é muito importante usar a tecnologia de roteamento para escolher a frota ideal para abastecimento e distribuição e como esta frota irá atender as necessidades no que se refere a seqüência de carregamentos e entregas a serem feitas. Roteirizar não deve ser confundido com encontrar o melhor caminho para se percorrer um conjunto de pontos de entrega. Isso é uma parte do roteamento, mas não é o todo. O roteamento deve agrupar as ordens de transporte em veículos simultaneamente a escolha dos melhores roteiros. Este programa de cargas, gerado por um sistema de roteamento, deve buscar o menor custo de frete que respeite a disponibilidade de veículos, capacidade de expedição, horários de atendimento e recebimento de mercadoria de cada cliente, etc.
Estufamento ou arranjo de carga: cargas como de embalagem de papelão ondulado e mesmo bobinas de papel, precisam ser acomodas em veículos de modo eficiente, pois de outra forma o frete morto aumenta a necessidade de veículos, gerando um custo fixo maior ao transportador que repassa isso ao embarcador. O olhar tridimensional da carga em vista ao que se tem de frota disponível é fundamental para o planejamento de cargas otimizado;

Movimento contínuo: além da escolha dos veículos, a programação dos embarques global permite o aproveitamento de oportunidades de conjugação de trechos de transporte que isoladamente seriam eficientes. Por exemplo, uma carga partindo do interior de São Paulo deve ser entregue em alguns clientes para o grande ABC. A mesma empresa vai receber matéria-prima que chegará no porto de Santos no mesmo período. Logo se pode programar que o mesmo veículo faça as entregas no ABC siga vazio por mais alguns quilômetros e carregue a carga em Santos. Este tipo de aproveitamento se chama movimento contínuo, pois tem o objetivo de manter o veículo em movimento produtivo. De outra forma este transporte usaria dois veículos que fariam vazios suas viagens de retorno.

Sincronização de operações intermodais: assim como o movimento contínuo sincroniza um recurso, o planejamento das operações intermodais deve sincronizar os recursos de distintos modais. É certo que para se evitar multas de atraso no carregamento de navios, os produtos devem chegar aos portos em tempo hábil para o embarque. Por outro lado, não é recomendável que o produto esteja no porto muito antes do necessário para que se evitem os custos de armazenagem. Certamente a sincronização destas operações, considerando os riscos e custos envolvidos é tarefa do planejamento logístico.

Portanto a eficiência logística depende de várias análises e uso de técnicas de otimização que consigam contemplar todos os aspectos necessários de modo simultâneo. A decisão isolada por uma operação pode levar a perdas na cadeia.

Da próxima vez que for realizar uma operação logística, preste bastante atenção e planeje-se para realizar um ótimo investimento reduzindo custos.

Um grande abraço,

Arthur Santos

2 comentários:

Anônimo disse...

Artigo bem interessante. Realmente a logística é uma operação que deve ser muito bem planejada para não acarretar em custos para a empresa.
Seu Blog é bastante interessante e com artigos dos mais variados temas.
Parabéns.
Keyla Martins

Anônimo disse...

Arthur, seu artigo está bastante sintonizado com a operação logística, iniciando pela seleção do modal a ser utilizado. É extremamente importante, não só na área de logística, mas em todas as áreas de uma empresa, o Planejamento.
O planejamento faz toda a diferença em termos de custos, tempo, arranjo e preparação de cargas e ações.
Meus parabéns pelo seu Blog.
Abraço,
Braga.