segunda-feira, 7 de março de 2011

Quanto custa sua gôndola?


Tema polêmico entre grandes redes varejistas e fabricantes, as Verbas de Fornecedores são diariamente discutidas em busca de um melhor retorno para os dois lados.

Porém na verdade, quem sai pagando muito por isso é o Consumidor.

Mas vendo de outra perspectiva, existe uma classe que está lucrando e muito com isso.
São os Atacarejos e Grandes Atacados que não trabalham com estas verbas, conseguindo reduzir em até 35% o preço dos produtos para o consumidor final.

Para os leigos, as Verbas de Fornecedores são nada mais nada menos do que o aluguel que o varejista cobra para expor o produto na gôndola.

Dizem que é uma verba para auxílio de marketing, montagem de tablóides, dentre outros, porém, na verdade o fabricante paga ao varejista para ter seu produto exposto na melhor área da gôndola.

Mas esta verba, cada dia que passa está subindo mais. E os varejistas querem mais, mais e mais.

Não sendo especulador, mas todos que trabalham no varejo sabem que boa parte destas verbas servem para encobrir furos de caixa, épocas de baixo faturamento, despesas administrativas e até mesmo pagamento de funcionários.

Muitos grandes varejistas já notaram que não adianta mais tentar competir com os atacarejos nesta década, pois eles realmente tem preços bem mais em conta.

O que ocorre é que para poder oferecer a verba ao varejista, o fabricante precisa aumentar os preços dos seus produtos para compensar o investimento.

Vendendo os produtos aos grandes varejistas a um preço maior, os varejistas ainda precisam ter lucro sobre este valor de custo dos produtos. O que aumenta significativamente o preço para o consumidor final.

Já os atacarejos, não exigem esta verba, pois o objetivo final é vender e obter lucro.

Por isso, os compradores dos grandes atacados pedem desconto no preço de compra dos produtos, e não a Verba de Fornecedor.

Os fabricantes durante anos procuraram uma forma de "aliviar" estas verbas e realmente focarem no objetivo de vender seus produtos a um preço competitivo, e vemos hoje que o tempo se encarregou disso.

Se os varejistas não abaixarem os preços, cada dia mais as pessoas deixarão de comprar nestes, elevando as compras nos atacarejos e mercadinhos de bairro, fazendo com que os varejistas deixem de ser o principal canal para o fabricante.

Há alguns anos atrás o Carrefour já percebeu isso, criando um novo segmento de rede supermercadista, o Carrefour Bairro.

Modelo de supermercado bairrista que não sei se irá durar muito, caso a rede continue a pedir a Verba de Fornecedores.

Uma excelente forma de acabar ou pelo menos diminuir a Verba de Fornecedor, é o fabricante contratar gente especializada para a promoção dos produtos no PDV; assegurar a divulgação do (s) produto (s) nos grandes meios de comunicação, investindo para que ocorra um giro rápido dos produtos nas gôndolas e no estoque dos varejistas, assegurando novos e maiores pedidos; desenvolver um planejamento estratégico para cada conta varejista, desenvolvendo o calendário de ações promocionais junto ao Trade Marketing e realizando ações diferenciadas da concorrência.

A Verba de Fornecedor precisa parar de ser uma "mania" dos varejistas, para ser uma ferramenta de estratégia dos fabricantes.

Um grande abraço,

ARTHUR SANTOS









3 comentários:

Ivan Lourenço disse...

Arthur, excelente matéria!

Um assunto que tratamos todos os dias para manter o relacionamento e o fluxo das vendas com os médios e grandes varejistas.

Mas como você disse, isto está mudando.

Digo que daqui a alguns dias os fabricantes irão trabalhar muito mais com os pequenos varejistas e atacados, deixando as médias e grandes redes de lado, caso não mudem de postura.

Essas verbas viraram caixa 2 do varejo.

Sucesso sempre Arthur! Este artigo está demais!

Att.

Ivan L.

Adriano Berger disse...

Excelente abordagem, Arthur, parabéns pelo texto!

Gostaria de convidá-lo para ler um post no mesmo contexto no meu blog, nos link: http://nanoberger.blogspot.com/2010/10/nossos-supermercados-ja-nao-sao-mais.html

Grande abraço!
Adriano Berger

Alfredo Firmino disse...

Excelente abordagem. A venda de espaço na gôndola é uma realidade por mais que o varejo diga o contrário. Vc mencionou a contratação de pessoal especializado para fazer o produto girar mais rápido. Técnicas como Gerenciamento de Categoria são de enorme ajuda pois coloca em prática não o que varejo ou indústria prefere. Mas o desejo do consumidor quando interage com aquela categoria ou solução de compra. Muitas vezes o "comercial" fala mais alto mas esse é um desafio a ser perseguido: construir uma gôndola que atende o maior interessado, o Sr. Consumidor.